Em entrevista com a dermatologista Dra. Vanessa Rolim, a médica explica sobre esse procedimento estético e seus riscos ao câncer de pele 

No final dos anos 20, a cultura do bronzeamento teve seus primeiros indícios. Isso porque o bronzeado ganhou uma posição de status que não se associava mais aos trabalhos braçais, e sim a um momento de lazer comum nas classes sociais mais elitizadas. 

Neste período, a estilista Coco Chanel se bronzeou em uma de suas viagens e, acidentalmente, lançou essa nova tendência. Junto com esse fator estético, ainda em 1920 a importância da vitamina D também estava sendo estudada, o que fez com que a pele bronzeada fosse vista como um sinal de beleza e saúde.

Entretanto, com o passar do tempo, outros estudos apresentaram a influência dos raios solares nos casos de câncer de pele. Foi nesse momento que o bronzeamento, sobretudo o artificial, passou a ser repensado pelos especialistas. 

Conversamos com a Dra. Vanessa Rolim, Dermatologista no Emilio Ribas, para entender melhor quais são os riscos de realizar o bronzeamento artificial. Confira a entrevista na íntegra:

Dra. Vanessa, o que é o bronzeamento artificial?

DRA. VANESSA:  O bronzeamento artificial é uma técnica que envolve o uso de aplicação de substâncias químicas ou de luz artificial para que se atinja o objetivo do bronzeamento sem a exposição direta ao sol 

Quais são os principais tipos de bronzeamento artificial? 

DRA. VANESSA: Existem alguns tipos de bronzeamento artificial, são eles: as câmaras de bronzeamento, que são proibidas no Brasil desde 2009, elas têm uma alta incidência de radiação ultravioleta, principalmente de UVA que penetra mais profundamente na pele que aumenta bastante os riscos de câncer de pele. Outros tipos são o bronzeamento a jato, que é quando a substância bronzeadora é um pigmento que é depositado na pele sobre a forma de pulverizador, geralmente é realizado por clínicas de estética. É essencial que esses produtos do bronzeamento a jato tenham a aprovação da Anvisa para esses fins. Por fim, existe também os autobronzeadores que são produtos cosméticos, vendidos na maioria das vezes em farmácias, onde a pessoa pode fazer a aplicação em casa. Ela aplica o produto, ele gera uma pigmentação na região da pele, e essa pigmentação vai saindo com o tempo, conforme a pessoa for lavando e tirando esse produto.

O bronzeamento artificial é prejudicial para a pele?

DRA. VANESSA: O bronzeamento artificial com as câmaras de bronzeamento é extremamente prejudicial para a pele e para a saúde dela. É um procedimento que é considerado cancerígeno, por aumentar muito o risco de desenvolvimento de câncer de pele, sobretudo o Melanoma, que é o mais grave. Por isso, é contra indicado pelos dermatologistas.

Dra. quais são as contraindicações para realizar esse procedimento estético ou qualquer pessoa pode realizá-lo?

DRA. VANESSA: Com relação às contraindicações, o bronzeamento com as câmaras é totalmente contraindicado, não deve ser realizado por ninguém. Aumenta o risco de câncer de pele, por isso a gente [médicos dermatologistas] contraindica totalmente. Os outros tipos, jato e autobronzeadores, são contraindicados para pessoas que têm alergias a essas substâncias, sensibilidade na pele ou alguma doença inflamatória dermatológica ativa. Bronzeamento de câmera

Quais os principais cuidados que devemos ter depois de realizar um bronzeamento artificial?

DRA. VANESSA: Mesmo sendo contra indicado, algumas pessoas ainda realizam o bronzeamento por câmara, então, uma vez que isso foi feito, as orientações que damos são: usar sempre o protetor solar, evitar novas exposições solares desprotegidas ao longo dos próximos dias, e procurar um dermatologista para fazer um acompanhamento contínuo, por conta desse risco aumentado de desenvolvimento do câncer de pele no futuro.

Devemos procurar um dermatologista após o bronzeamento? Quais sinais podem ser um alerta para procurar essa especialidade médica?

DRA. VANESSA: Os principais sinais de alerta são a presença de queimaduras na pele, manchas, o surgimento de lesões suspeitas, feridas que não cicatrizam, lesões que sangram, lesões assimétricas com bordas irregulares com várias cores, visto que esses são os principais alertas para o câncer de pele.